2a. EDIÇÃO DE HOJE, TERÇA FEIRA, DIA 10 DE NOVEMBRO DE 2009QUERIDOS AMIGOS, QUERIDAS AMIGAS"...nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti
." (John Donne, poeta inglês do século XVI).
Nesta noite queremos deixar nosso protesto contra a lerdeza e a permissividade de alguns setores da justiça (leia-se PGR) onde a "reclamação" dormita desde 05 de outubo de 2009, com este conto de Saramago:Estavam os habitantes nas suas casas ou a trabalhar nos cultivos, entregue cada um aos seus afazeres e cuidados, quando de súbito se ouviu soar o sino da Igreja.
Naqueles piedosos tempos (estamos a falar de algo sucedido no século XVI) os sinos tocavam várias vezes ao longo do dia e por esse lado não deveria haver motivo de estranheza, porém, aquele sino dobrava melancolicamente a finados e isso, sim, era surpreendente, uma vez que não constava que alguém na aldeia se encontrasse em vias de passamento.
Saíram, portanto, as mulheres à rua, juntaram-se as crianças, deixaram os homens a lavoura e os mesteres e, em pouco tempo, estavam todos reunidos no adro da igreja, à espera que lhes dissessem a quem deveriam chorar. O sino ainda tocou por alguns minutos mais, finalmente calou-se. Instantes depois a porta abria-se e um camponês aparecia no limiar. Ora, não sendo este o homem encarregado de tocar habitualmente o sino, compreende-se que os vizinhos lhe tenham perguntado onde se encontrava o sineiro e quem era o morto:
- 'O sineiro não está aqui, eu é que toquei o sino', foi a resposta do camponês.
'Mas então não morreu ninguém?', tomaram os vizinhos, e o camponês respondeu:
- 'Ninguém que tivesse nome e figura de gente, toquei a finados pela Justiça porque a Justiça está morta'.
Que acontecera? Acontecera que o ganancioso senhor do lugar (algum conde ou marquês sem escrúpulos) andava desde há tempos a mudar de sítio os marcos das estremas de suas terras, metendo-se para dentro da pequena parcela do camponês, mais e mais reduzida a cada avançada. O lesado tinha começado por protestar e reclamar, depois implorou compaixão e, finalmente, resolveu queixar-se às autoridades e acolher-se à proteção da justiça. Tudo sem resultado, a expoliação continuou. Então, desesperado, decidiu anunciar urbi et orbi (uma aldeia tem exacto tamanho do mundo para quem sempre nela viveu) a morte da Justiça...(extraído do blog do Cristiano). Confira. Nota do blog: qualquer semelhança, é mera coincidência.A morte da justiça é a morte da nossa dignidade também.
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