UM NOVO TEMPO(1)

EDIÇÃO DE HOJE, terça feira, dia 25 de setembro de 2007

Já vem raiando a madrugada

Acorda, que lindo

Mesmo a tristeza está sorrindo

Entre as flores da manhã

se abrindo nas flores do céu

O véu das nuvens que esvoaçam

Que passam pela estrela a morrer

Parecem nos dizer

que não existe beleza maior

do que o amanhecer...

(Rancho das namoradas- Vinicius de Moraes)

Caríssimos amigos, caríssimas amigas

Estamos na reta final. Há sinalizações positivas do cumprimento da decisão judicial a curto prazo. Não lidamos com especulações nem com vaticínios. Mas, que há sinalizações, isto é verdade. Mas, "prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém". Veja a próxima postagem.
Há algum tempo o querido amigo Jacinto vem insistindo com duas perguntas:
- "Quanto vou ganhar?"
- "Quando vou receber?"
Ele já sabe a resposta da primeira. Na próxima semana saberá a resposta da segunda.

Durante alguns meses estivemos nos reunindo no SINDESP todas as sextas feiras como se estivessemos participando de um encontro religioso. E era.
Foi ali que reencontramos velhos amigos, afastados de nós pela dinâmica da vida. Ali também conhecemos outros colegas e fizemos novos amigos.
Discutimos. Divergimos de maneira salutar. Nunca nos agredimos. Aprendemos a conviver com as diferenças. Do confronto tese x antítese, surgiu a síntese. Convergimos. Somos hoje quase harmônicos. Somos hoje muito mais fraternos que antes.
Esse foi o grande mérito de nossas reuniões que, desvisadamente, alguém taxou de especulativas. Tem acontecido um aprendizado permanente.É um processo pedagógico que só nos fortaleceu, tranformando o desalento de alguns em esperança e a esperança em convicção.
Não avocamos para nós mérito maior. Não somos os grandes responsáveis pela vitória maiúscula da inteligência sobre a prepotência, da paciência quase resignada sobre a truculência imperial que em 1987 nos arrebatou um direito legítimo. Direito a uma vida digna com nossos familiares, partícipes de nossas incertezas e de nossos sofrimentos. Direito de construir uma Universidade Pública, gratuita, séria, humana e competente.
O gesto de extrema truculência arrastou-nos e aos nossos familiares às portas da indigência. Foi difícil. Fomos obrigados a trabalhar em dobro. Vender nossa força de trabalho em outras instituições, a preço de banana, para sobreviver. Trabalhar aos sábados e domingos. Enfrentar o risco das estradas. Largar a família nos finais de semana para ir buscar os meios de prover essa própria família.
Agora tudo isso vira história. Uma história de muita dor e de muita dignidade. Dor e dignidade que servem de exemplo edificante para nossos pósteros: familiares, alunos, novos e futuros professores da UECE.
Na certeza de que não lutamos em vão, vamos continuar reunidos. O blog já anunciou os novos tempos: PISO SALARIAL AGORA JÁ É REALIDADE.

O PISO É INEGOCIÁVEL.

Implantado o piso começaremos de imediato a discussão sobre a diferença salarial devida. No mesmo lugar. No SINDESP. Não temos nenhuma proposta. Entendemos que a negociação deve ser individual. entendemos que a dívida não pode ser simplesmente perdoada.

A diferença salarial é uma bola de neve, mas não foi gerada por nós, as vítimas.

Cabe-nos e aos nossos familiares uma reparação a título indenizatório pelos imensos prejuízos que nos foram impostos e pelos projetos pessoais e familiares que foram frustrados ao longo de vinte e um longos anos.
Com certeza haverá flexibilidade e compreensão das partes.

Neste final queremos lamentar perdas sentidas e homenagear os colegas recém falecidos:

Jorge Abreu - ex-deputado estadual, diretor do Colégio Ruy Barbosa e dos Emprendimentos Educacionais Equipe, ex-presidente da APESC. Sempre empreendedor, sempre animado, Jorge Abreu nos deixa muitas saudades. Enviamos daqui nossas condolências para os seus familiares e para todos os que fazem a APESC.

José Wilson Praciano - Não tivemos a oportunidade de conviver com o colega Praciano. Deixamos aqui, contudo, o nosso registro de tristeza e pesar. Lamentamos o seu passamento e enviamos neste espaço público a nossa solidariedade aos seus familiares

José Eduardo Cabral Maia, nosso querido DUDU da Veterinária. Seu falecimento nos trouxe muita tristeza, sobretudo porque se tratava de uma extraordinária figura humana que partiu "dando tudo para não ir", como diz a letra de uma das Bachianas imortalizada pela divina Elizete Cardoso. Dudu esteve conosco em uma de nossas reuniões mais recentes trazendo alegria e confiança na causa pela qual lutou tanto. Era uma despedida. Dudu era um dos nossos. Vai fazer uma falta danada mas, deixa para nós um grande legado: a sua dedicação à UECE à qual soube honrar com seu exemplo, ocupando espaços importantes na FAVET, inclusive na coordenação do Curso de Medicina Veterinária e de onde saiu na compulsória (expulsória), contra a sua vontade. Na lucidez e no vigor de seus mais de 70 anos bem vividos, Dudu nos transmitiu sempre otimismo, paz, serenidade e muita alegria. Que seu exemplo nos inspire e fortaleça nossa convicção e nosso entusiasmo no desempenho de nossa missão, atendendo as expectativas dos nossos estudantes e do sofrido povo de nossa terra.

Ao DUDU o nosso abraço fraterno. Fica em paz, amigo! Aos seus familiares e aos colegas da resistente FAVET, de tantas lutas e tantas glórias, o nosso abraço solidário!