EDIÇÃO MATUTINA DE HOJE, terça feira, dia 04 de dezembro de 2007Queridos amigos, queridas amigas Leiam com atenção estas reflexões de nossa colega e companheira de lutas e sofrimentos, profa. Laudícia Holanda.
Querido amigo Telmo,
Acompanhando daqui as notícias do nosso "caso", seja pelo Blog, pela imprensa, ou por mensagens de amigos, tenho feito uma reflexão sobre os nossos 24 anos de UECE.
Desde o começo fomos massacrados pelo poder constituído, quando 160 professores concursados e aprovados no primeiro concurso público de porte que a UECE realizou também precisaram se organizar, fazer reuniões, fortalecer o grupo, para poder receber aquilo que lhes asseguravam, o direito e a justiça, que era a sua contratação como professores.
Parece até "karma" de professor da UECE ... (para tornar mais leve esta reflexão...)Nós, os sobreviventes, todos lembramos quanta luta, quanta reunião, quanto trabalho, quanta paciência tivemos que investir naquele momento. Momento é a maneira de dizer; pois na verdade durou quase um ano. Quantas viagens tivemos que realizar, em nossos carros, com nossos recursos, enfrentando riscos e desconfortos, para articular forças e ampliar o número dos nossos aliados. Quantas madrugadas nos encontrou reunidos, planejando, viajando, trabalhando pela causa. As nossas casas eram abertas aos nossos inúmeros afazeres, nossos recursos socializados - quem tinha uma impressora, um mimeógrafo, um fax, um carro, etc... disponibilizava.Desde aquela época começou a se construir uma rede de solidariedade e amizade entre nós. Era nossa força, para lutar contra o arbítrio e exigir nossas contratações em respeito ao Edital do concurso e aos resultados publicados, assegurando nossas aprovações e nossas vagas.Vencemos porque estávamos coesos, unidos na mesma intenção, gastando sola de sapato e muito verbo pra explicar e repetir nossos argumentos até que todos entendessem nossa posição. Conseguimos fazer valer o direito e somos hoje um grupo de professores da UECE que não entrou lá por porta de travessa, por favor político ou articulações escusas. Nós entramos pela porta da frente, munidos de nossa competência, testada e aprovada em concurso público de provas e títulos. Vencida essa primeira peleja, integramos com nossos colegas professores a frente de luta pelo piso salarial, por considerar justo e merecido que professores também possam ter um salário digno, desde que dedicam sua vida a realizar um trabalho digno e dignificante. Que possam se dedicar à instituição sem precisar correr pra todo lado visando complementar um salário miserável; que possa comprar livros, participar de congressos e conferências sem precisar andar de pires na mão na porta das Agências de financiamento, que tudo fazem para negar os recursos. Vencemos novamente e conseguimos a meta de um salário digno. Por pouco tempo, é verdade, pois fomos surpreendido com o corte salarial perpretado pelo governo da época, cuja história nem vou falar aqui, que já sabemos na pele seus desdobramentos.Agora, passados 20 anos, volto a lembrar nossa entrada na UECE, quando tivemos também de reunir forças para fazer valer a lei.
E agora? O que pensar diante dessa situação? Talvez seja o caso da gente mandar benzer esse grupo, chamar uma boa rezadeira... porque a Lei está do nosso lado, desde o primeiro passo.Muito estranha a idéia de governos que não cumprem a Lei; e não só o atual, mas todos os seus antecessores nesses 20 anos, sem que nada lhes seja cobrado, como acontece com cidadãos comuns.
Um mal exemplo para a democracia.Mas, como estamos acostumados a lutar por nossos direitos, não há outra coisa a fazer, penso eu. Se naquele tempo, éramos mais jovens, não tínhamos cabelos brancos, agora aprendemos a ser mais pacientes e firmes, com a maturidade.
Grande abraço,Laudícia(*).
Comentário do blog:
Lembramos à profa. Laudícia que daquele concurso de 1983, houve quem só entrasse na prorrogação, depois de três anos de luta, por causa de perseguição política, uma certa "caça às bruxas". Nós particularmente, entre tantos outros, sofremos esse odioso processo de perseguição e só fomos contratado em março de 1986.
Essa luta pelo PISO SALARIAL, amigos e amigas já é o segunto ato de uma grotesca encenação de crueldade governamental que remonta ao ano de 1987 e parece não ter mais fim.
O governo continua fazendo nossos corações sangrarem! Quanta crueldade!!!
(*)A profa. Laudícia Holanda, uma combatente de primeira hora, é concursada da UECE, foi diretora da FECLESC e se encontra atualmente no Paraná cursando pós-doutorado.
ESTAMOS TRABALHANDO PELO PISO. VOLTAREMOS MAIS TARDE! TENHAM TODOS UM BOM DIA
Um comentário:
Caro Telmo,
Parabéns pelo seu blog, realmente é um espaço de protesto e de luta na busca da reconquista do nosso piso salarial.
Fiquei particularmente emocionado com a carta da laudícia, colega muito querida por todos nós e que nunca mais a vi. Ela faz uma retrospectiva da nossa luta na UECE, desde o incício. Ela como O prof. Luis Osvaldo, você eu e depois outros valorosos colegas deram uma grande contribuição a inteiorização da UECE, dirigindo a nossa querida FECLESC.
Um grande abraço para todos.
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