EDIÇÃO DE HOJE, QUARTA-FEIRA, DIA10 DE NOVEMBRO DE 2021
QUERIDOS AMIGOS, QUERIDAS AMIGAS
NOSSO HOMENAGEADO DE HOJE O SAUDOSO PROFESSOR RANGEL CAVALCANTE ( 02.05.1941 – 09.10.2015)
Rangel(à esquerda) em aparição pública no mês de dezembro de 2011 no Auditório Central, tendo ao lado o blogueiro e o prof. José Guedes |
Conhecemos Rangel nos primeiros anos
da longínqua década de 1960 quando as dificuldades financeiras da família
forçaram nossa transferência do Colégio Cearense para o velho Lyceu do Ceará.
Era um período de grande
efervescência politica e no Lyceu pontificavam as lideranças de Sebastião Roque
Barros, Carlos Augusto (o Parangaba), Jaime Alencar e Hélio Leite, todos
gravitando em torno do CLEC (Centro Liceal de Educação e Cultura) o grêmio que
conduzia as grandes lutas dos estudantes.
Rangel transitava com leveza entre as
lideranças citadas e fazia parte de um grupo denominado Frente Nacionalista
Liceal que defendia a candidatura do Marechal Lott à presidência da República.
Fomos colegas de turma na 2ª 2ª no turno da manhã. Inquieto e ágil Rangel
ficava mais tempo circulando pelos corredores do Lyceu que na sala de aula.
No ano seguinte nos transferimos para
o turno da noite e perdemos o contato com Rangel. Durante dois anos estivemos
cursando Escola de Marinha Mercante do Rio de Janeiro. Na volta encontramos Rangel
como revisor do Correio do Ceará, na rua Senador Pompeu.
Mais um tempo passou cruzamos com ele
no Instituto de Matemática da UFC. Muitos anos depois fomos reencontrá-lo no
CCT da UECE.
Rangel foi um pioneiro da luta pelo
PISO SALARIAL. Comparecia a todas as reuniões no SINDESP sempre acompanhado de
seu fiel escudeiro Jurandy Cavalcante Pessoa, ia ao TRT pesquisar e resgatar
documentos, esteve algumas vezes no STF a cata de notícias do processo.
E vaticinava: "No mês que vem
teremos boas notícias".
Rangel era um ativista do PISO e
sempre se manifestava nas reuniões onde comparecia elegantemente trajado. E
criava alguns bordões. Descrevia as inúmeras intervenções da PGE como protelações
masturbatórias e creditava o atraso na tramitação
burocrática do processo à displicência de funcionários como um tal de sub-carimbador
interino que atrapalhava a vida de tanta gente.
Tivemos o privilégio da sua amizade.
Quando comprou seu primeiro carrinho, um fusca azul, fomos tomar um porre e por
pouco não fomos acidentados ao colocar o carro na garagem da casa de seus pais.
E em determinado natal não tínhamos para onde ir pois nossa família
estava no interior, levou-nos para a casa de sua noiva Eliane com a qual casaria
tempos depois.
Sem notícias suas há algum tempo, sem e-mail ou número do
celular, tentamos localizá-lo na semana passada. Não deu tempo.
A notícia de sua morte nos nocauteou.
E até hoje dói dentro do nosso coração. Essa noticia não queríamos dar nunca.
Só agora, tendo como cúmplices a solidão e o silêncio da madrugada, estamos
registrando toda a nossa tristeza, todo o nosso pesar pela perda irreparável de
um amigo de fidelidade a toda prova.
A dinâmica desta vida de incertezas e
nossas próprias dificuldades inerentes à idade e alguns desencantos que
desafiam nossa resistência e consomem de maneira voraz nossas reservas de
energia nos têm afastado das pessoas queridas como o Rangel e tantos outros que
gostaríamos de reencontrar vez por outra ou, pelo menos, saber notícias.
À família de Rangel, de modo
particular a Eliane e seus filhos, nosso abraço solidário.
Às páginas tantas de um de seus
livros diz Fernando Pessoa: "Morrer é só não ser visto".
Se é verdade o que afirma o vate
lusitano, Rangel permanecerá na nossa luta, na nossa memória e,
quem sabe, nos encontraremos a qualquer hora sob as mangueiras seculares do
Itaperi ou ainda em uma grande Assembléia Geral para comemorarmos juntos a
reimplantação do PISO SALARIAL.
Até breve, querido companheiro. Um abraço fraterno.
FIQUEMOS AGORA COM MEDITATION FROM THAIS DE MASSEENET
BOM DIA!!!
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