Universidade do parlamento
Antonio Mourão Cavalcante
01/12/2007 01:29
Pela imprensa tomei conhecimento que a Assembléia Legislativa do Ceará está criando uma Universidade do Parlamento. Nessa instituição seriam organizados cursos de graduação e pós para aperfeiçoar os quadros legislativos. A iniciativa de abrir uma escola é sempre bem-vinda. Um velho adágio alertava para o fato que "cada escola que se cria, é um presídio que se fecha." Por isso, nada temos a criticar da iniciativa do nosso parlamento estadual. Ocorre que nesse mesmo Estado, onde o legislativo mostra tanta sensibilidade, é aquele que tem suas três universidades em greve. A UECe, UVA e Urca estão em pleno movimento de sobrevivência. Seja por condições objetivas de trabalho, seja pela consecução de salários justos. O Governo revela-se totalmente insensível. Não cede em nada, nem mesmo cumpre a decisão transitada em julgado do STF, concedendo o piso salarial aos docentes. Nossa Assembléia passa batida. Nenhum gesto mais consistente ou conseqüente em defesa das nossas instituições universitárias. Elas estão morrendo à míngua. Nesse contexto, cabe a pergunta, é justo proceder dessa forma? Será que os parlamentares podem criar, estimular e patrocinar uma universidade quando as já existentes morrem de inanição? De minha parte, acho uma extravagância desnecessária a Assembléia manter uma universidade. Por que não convoca os reitores das estaduais e coloca a demanda, dando as devidas condições para sua realização? Não seria difícil criar uma ágil estrutura dentro da UECe. Por outro lado, é difícil crer que essa novel universidade não acarretará o aparecimento de mais burocracia, mais empregos, mais cargos e mais despesas, para tarefas que facilmente poderiam ser realizadas pelas nossas instituições de ensino superior. E, ainda mais inquietante, pela imprensa soube que a tal Universidade do Parlamento se apressa, logo de saída, a estabelecer convênios com instituições de ensino privado. Isto é, estão criadas as condições objetivas para verter dinheiro público na coisa privada. Aliás, segundo denúncia dos alunos da UECe isso vem acontecendo com hospitais públicos estaduais, onde eles são barrados nos estágios, porque as oportunidades vem sendo ocupadas por alunos de instituições de ensino privado. Dá nisso querer reverter a lógica das coisas. Para quem apelar?
Um comentário:
Radialista Rafael Boaventura
Rádio Tempo Fm
tempofm.com.br
HOJE NO JORNAL SUPER TEMPO O PRESIDENTE DO SINDESP CONCEDE ENTREVISTA AO JORNAL SUPER TEMPO (12:00 ÀS 13:20) E DIZ QUE PROFESSORES DA UECE SERÃO PAGOS AMANHÃ.
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