EDIÇÃO DE HOJE, domingo, dia 27 de janeiro de 2008Queridos(as) amigos(as)
Às vezes, a perplexidade e a indignação nos levam a reflexões as mais diversas. Nos tempos de chumbo, na ausência do estado democrático de direito cunhou-se a expressão: - Vá se queixar ao bispo. Oprimido o povo não tinha a justiça para recorrer. E aí se queixava aos bispos D. Helder Câmara, D. Evaristo Arns, D. Aloisio Lorscheider, D. Antonio Fragoso e outros que corajosamente se impuseram diante dos desmandos e da truculência.
E agora no estado de direito democrático, com alguns desses bispos já falecidos, a quem recorrer?
Nesta postagem vamos lembrar a apóstrofe atrevida do Padre Antonio Vieira, o extraordinário orador sacro, diante ocupação holandesa no Brasil colônia, a apóstrofe atrevida de uma camponês paraibano e ainda as imprecações de Castro Alves em seu Navio Negreiro.
1)Apóstrofe atrevida do Padre Vieira
Do sermão pelo bom Sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda
Exurge, quare obdormis, Domine? Exurge, et ne repellas in finem. Quare faciem tuas avertis? Oblivisceris inopiae nostrae et tribulationis nostrae? Exurge, Domine, adjuva nos, et redime nos propter nomem tuum (1). (1) Levanta-te, por que dormes, Senhor? Levanta-te e não nos desampares para sempre. Por que apartas teu rosto, e te esqueces da nossa miséria e da nossa tribulação? Levanta-te, Senhor, ajuda-nos, e resgata-nos por amor de teu nome (Sl. 43,23,24,26).
2)Apóstrofe atrevida na versão paraibana
Há algum tempo ganhei de um amigo um livrinho delicioso repleto de muitas historias e crônicas da Paraíba, cujo título e autor já não lembro. Emprestei-o e o depositário infiel, alegando tê-lo perdido como é o hábito de muita gente, tentou ressarcir-me com um exemplar velho semi-destruído pela traça – Iaiá Garcia – de Machado de Assis.
Às páginas tantas do tal opúsculo ( como diria o professor e jurista Hugo Barroso) está a historinha que passo a reproduzir, de memória.
No início de um determinado ano prenunciava-se uma seca terrível. Um pobre sertanejo, na ocasião, perdeu todas as sementes que plantara e o gado que morreu de sede e de fome. Ao ver tombar o seu cavalo, último de seus semoventes, não se conteve mais e contemplando os céus, clamou irritado:
- "Ei vocês aí de cima não estão vendo uma coisa dessas? Agora se fosse um pecadinho desse tamanho (e apontava juntando o polegar com indicador) estava todo mundo aí de cima com os olhos deste tamanhão" ( e mostrava os indicadores e polegares das duas mãos em forma de um grande círculo).
A seguir, dominado pelo remorso, se atirou ao chão e chorou copiosamente, irrigando a terra seca.
A resposta dos Céus veio de imediato. Escureceu o céu. Nuvens negras surgiram repentinamente. Trovões se sucederam aos relâmpagos. E desabou um grande temporal pondo fim à seca daquele ano.
3) As imprecações de Castro Alves
NAVIO NEGREIRO
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
...................................................
Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus!
mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
Ao acompanhar estarrecido as manobras do governo para impor-nos o calote e a incompreensão da justiça que ainda aceita o jogo do caloteiro, é esse o nosso sentimento nessa noite de domingo.
Repetimos a pergunta: por que a medida cautelar foi estabelecida contra nós, os ganhadores? Uma inversão?
Por que o fumus boni iuris é aplicado contra nós?
Por que há periculum in mora para o perdedor, o caloteiro? E o nosso prejuizo? E as famílias dos 118 que morreram como ficam.
Esse fumus boni iuris parece mesmo é o fogo fátuo proveniente do gás dos pântanos.
ATENÇÃO:
As manobras de bastidores continuam. Há quem diga que o governo já está convencido da derrota, mas insiste em distorcer a sentença do SUPREMO. Estão tentando usar um emissário para solicitar que o Ministro Marco Aurélio reescreva a sentença do SUPREMO que, segundo eles não estaria clara. A SENTENÇA É CRISTALINA. NÃO DEIXA DÚVIDAS!!!
A última informação não confirmada, mas partida de fonte fidedigna, é que o ataque agora se direciona aos professores que estão no regime de vinte horas. Segundo a concepção dos alquimistas do governo eles não podem perceber o mesmo salário que os professores de quarenta horas. Isto é primeira mão e não é mera especulação. Depois tem mais, mas não podemos antecipar o que ainda vai acontecer a partir do rosário de maldades do governo.
Muitas outras informações infelizmente não podem ser socializadas no blog. Temos que ter cautela. Mas, seguramente, estamos atentos e monitorando as investidas do governo e tentativas de convencimento com pessoas ligadas ao nosso processo, suas reuniões fora do âmbito da justiça onde ele já perdeu.
Vamos dar um tempo para que essas pessoas informem à categoria o que estão tratando com o governo. Negociação? Só com a categoria!!! Estamos de olho!!!
Não vamos arrefecer a nossa luta. Não haverá barganhas quanto à implantação do PISO. Não capitularemos!!! Afinal somos vencedores!!!
Um abraço fraterno e uma boa semana!!!
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