DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS

EDIÇÃO DE HOJE, SÁBADO DIA 01 DE NOVEMBRO DE 2008


QUERIDOS AMIGOS, QUERIDAS AMIGAS


Vamos reproduzir no espaço do blog o artigo da lavra do amigo e colega prof, Mourão. publicado hoje, no jornal O POVO.

Dois pesos, duas medidas
Antonio Mourão Cavalcante

01 Nov 2008 - 00h22min
Acompanhei com vivo interesse as discussões, na Assembléia Legislativa, sobre a mensagem enviada pelo Governador propondo que os servidores fazendários do Estado possam receber dinheiro público, pela função que exercem, além do que é estipulado pela própria Constituição Estadual. Parlamentares ligados ao governo vociferavam que os fazendários merecem esse prêmio. O sempre diligente deputado Heitor Férrer, ainda tentou argumentar que esse arranjo é inconstitucional, mesmo sabendo que os fazendários são dignos de respeito e de ganhar um bom salário. Mas, esse caminho é ilegal. Ou melhor, inconstitucional. Inútil a argumentação. O que vem do Palácio é para ser obedecido. E, os senhores deputados, que cuidam de elaborar e defender as leis, calam-se e obedecem... Disse o deputado Baquit: "Os fazendários merecem!" De minha parte, confesso que fiquei preocupado com essa suposta variação de humor do Governo. Um dia, argumenta que não tem dinheiro, que os cofres estão vazios. Que a crise vem engolindo tudo. No outro, desmanchando-se em gentilezas, propõe - ele mesmo, Governo - mensagem em que salários passam ser até maior do que o do chefe do Estado. Impossível não pensar nos pobres professores da UECe... sim, aqueles que ainda lutam pelo piso salarial. Há 20 anos batalham para ter reconhecido e implantado um direito. Eles caíram na bela ingenuidade de procurar a Justiça. Demoraram mais de duas décadas em busca de seus direitos. Mais de uma centena e meia deles morreram pelo caminho. Mas, conseguimos. Há um ano esse processo foi julgado pelo Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte do país. Deu ganho de causa aos professores. Ordenou que o Governo obedeça. Que faz o Governo do Estado? Simplesmente não cumpre a decisão judicial. Recorre a malabarismos e filigranas protelatórias. Faz-se de morto. Sabe o que diz o líder do governo, deputado Nelson Martins: "Estamos realizando negociações com os professores. Breve daremos solução a esse problema." Somos problema. Trocado em miúdos: ordem judicial nessa terra, não se cumpre.. Na próxima encarnação juro que vou ser fazendário e amigo de deputados...

Antonio Mourão Cavalcante Psiquiatra a_mourao@hotmail.com

Quem quiser acessar a página do jornal O POVO onde se encontram o artigo da prof. Mourão e os comentários, é só clicar no título do artigo.

Nosso comentário postado no Jornal O POVO on-line:

PISO SALARIAL E A LÓGICA DO GOVERNO DO ESTADO

Há alguns meses o Governo do Estado fez tramitar em, caráter de urgência, na assembléia, sem discussão, no prazo de uma semana, o famigerado PCCV dos professores das universidades estaduais do Ceará. Esse "presente grego" retirou conquistas históricas como os 40% da regência de classe que foram reduzidos a 1%, retirou parte das gratificações de titulação da Dedicação Exclusiva. Perdeu em todas as instâncias da justiça quando quis anular a lei que criou o PISO SALARIAL dos professores. Nega-se a cumprir decisão do Supremo Tribunal Federal. Acena com um "acordo" e não cumpre a sua parte. PARA OS FAZENDÁRIOS, CONCEDE VENCIMENTOS ALÉM DO "TETO" E PARA NÓS NEGA-SE A CONCEDER O "PISO". Argumenta que os mesmos arrecadam. Nega aos professores universitários o reconhecimento de seu trabalho na formação de quadros para o desenvolvimento do Ceará. Compromete-se apenas com o presente e despreza o futuro que tem como fulcro a educação. Pratica, sem remorsos e sem pudor, a lógica cruel do capitalismo. E ainda se diz "socialista" e moderno...
Gilberto Telmo Sidney Marques-prof. adjunto da UECE