DECISÃO HISTÓRICA:
"Como se vê, as recentes decisões do STF e do TST, só vêm corroborar o entendimento desta julgadora de que inexiste obstáculo para retomada da execução, vez que, repito, as medidas que recomendavam a suspensão do feito foram revogadas.
. "Assim, urge a adoção de providências no sentido de determinar que as reclamadas reimplantem em folha de pagamento dos substituídos o piso salarial deferido em sentença"(DO DESPACHO DA DRA. CHRISTIANNE - JUÍZA DA QUARTA VARA EM 12.03.2012)
JULGAMENTO HISTÓRICO NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM 01.12.2011
CLIQUE NOS LINKS PARA ASSISTIR O JULGAMENTO HISTÓRICO DE 01.12.2011
ESTAMOS DISPONIBILIZANDO OS LINKS DO YOU TUBE ENVIADOS PELO PROF. MANOEL AZEVEDO. É SÓ CLICAR E VERÁ OS VÁRIOS MOMENTOS DAQUELE HISTÓRICO JULGAMENTO.
Abaixo, respectivamente, estão os endereços no youtube das partes 1 de 5, 2 de 5, 3 de 5, 4 de 5 e 5 de 5 do vídeo do julgamento histórico no STF.
"QUÍMICA, PARA QUE TE QUERO?" DESABAFO DE UM VELHO PROFESSOR DE QUÍMICA
EDIÇÃO DE HOJE, TERÇA FEIRA, DIA 19 DE
AGOSTO DE 2014
QUERIDOS AMIGOS, QUERIDAS AMIGAS
( Revisada e ampliada em 21 de agosto de 2014)
Nem só de PISO SALARIAL vive este blog.
Nesta edição vamos tratar de um tema que nos interessa e foi objeto de nossa
preocupação ao longo do exercício do magistério.
O tema é EDUCAÇÃO
"QUÍMICA, PARA QUE TE QUERO?"
No dia 03 de agosto de 2014 a
consagrada atriz Denise Fraga na sua coluna no prestigioso jornal Folha de SãoPaulo, publicou artigo com o título à epígrafe onde discorre
sobre a sua aversão à química e o péssimo desempenho de seus filhos na
mencionada disciplina (para ler o artigo completo clique nos links acima) Não se limita a externar sua ojeriza à verdadeira
ciência da vida, onipresente das nossas atividades, nos nossos organismos e em
todos os universos habitados ou não. Até ousa sugerir, a partir de sua
animosidade contra a ciência química, algumas alterações na estrutura da
disciplina ou até mesmo a sua supressão do currículo escolar. O artigo é um
festival de sandices. A articulista não sabe sequer distinguir um tema da biologia
(platelmintos) que ela relaciona como assunto estudado na química.
QUE BELA IMAGEM DAS CADEIAS CARBÔNICAS
Critica o
estudo das cadeias carbônicas que estão presentes nas substâncias que nos
alimentam, nos combustíveis e nos medicamentos, por exemplo. Sugere ainda
a substituição do ensino de química pelo jogo de xadrez porque, segundo ela,
"você já viu alguém jogar cadeias de carbono e hidrogênio com um amigo em
uma tarde chuvosa?"
E segue no seu besteirol:
"Por que precisamos aprender coisas
para esquecer depois da prova e não para nos ajudar a viver?"
Quanta ignorância!
Daqui a pouco vão sugerir também a exclusão da física, da matemática, da biologia e até da língua portuguesa que é a disciplina mais vilipendiada pelas novas gerações de internautas e a sua substituição pelos games e congêneres.
CUIDADOS AO LIDAR COM A QUÍMICA
A química nos ajuda a viver quando,
produzindo fármacos, salva nossa vida, ameniza nossas dores. Contribui para
nossa higiene pessoal e produz cosméticos para realçar a beleza. Traz o
conforto do uso de automóveis, etc. Melhora a qualidade de vida e nos torna
menos ignorantes quantos aos supostos mistérios da natureza. O ensino da química
também contribui para elucidar seus efeitos colaterais indesejáveis como a
poluição e estimula a luta contra as aplicações de seus conhecimentos em ações
de destruição da raça humana.
Consta que o primeiro químico foi aquele que acendeu a primeira fogueira e domou o fogo. No entanto, a existência da química precede até o Big Bang. Sem o conhecimento da química estaríamos ainda hoje habitando cavernas sombrias e úmidas, comendo carne crua e disputando, em desigualdade de condições, espaços vitais com os outros animais.
A química, perseguida ao longo de séculos
por ser uma ciência revolucionária, teve um atraso considerável na sua
evolução. Por escrever a primeiríssima teoria atômica e se contrapor à
insustentável "teoria dos quatro elementos" aglutinada por Empédocles (492
a.C. – 432 a.C ) defendida por Aristóteles ( 384 a.C.—322
a.C ) e apoiada
por seguidores da Escolástica (1100 a 1500),
o revolucionário filósofo Epicuro ( 341 a.C.- 271 ou 270 a.C ) foi execrado pelo
obscurantismo reinante durante muitos séculos.
As trevas de uma longa noite quase de dois
mil anos foram um entrave ao desenvolvimento da química. No entanto, ela
sobreviveu graças a persistência de alguns alquimistas chineses e ocidentais
primitivos e, na Idade Média, com as contribuições do genial Paracelsus (1493—1541), e de Andreas Libavius (1555 - 1616) que escreveu Alchemia, o primeiro livro de
procedimentos químicos para a preparação de ácidos fortes.
No século XVII Roberto Boyle (1627—1691 ) fincou as bases experimentais para
o estabelecimento da química como ciência e Antoine Laurent Lavoisier (1743—1794), um mártir da ciência assassinado pela Revolução Francesa, deu a
maior contribuição para a química definitivamente se afirmar no cenário
científico.
No século XIX John Dalton (1766—1844 ) aperfeiçoou a teoria atômica de
Epicuro e, a partir de então, outros cientistas criaram um modelo atômico que,
melhorado sucessivamente, chegou até os dias atuais. Com Dalton resgatando e aperfeiçoando a antiga teoria atômica de Epicuro encerrava-se a
longa noite de dois mil anos.
Destacamos nessa luta a presença marcante
de algumas mulheres com Maria, a judia, a primeira mulher alquimista, uma filosofa grega ou egípcia helenizada que, supostamente, pontificou em Alexandria por
volta do ano 273 a.C e que inventou aparelhos de destilação (dibicos,
tribicos) e o banho-maria. Também participaram da construção da química a
corajosa esposa e
MARIE-ANNE PIERRETE PAULZE E LAVOISIER
colaboradora de Lavoisier, Marie-Anne Pierrete Paulze (1758—1836 ) e as cientistas Marie Curie (1867—1934 ), prêmio Nobel de Física (1903) e Prêmio
Nobel de Química ( 1911 ) e Rosalind Franklin (1920—1958) precursora da descoberta do DNA, que se
imolaram para garantir grandes descobertas contribuindo de maneira inconteste
para a melhor qualidade de vida da raça humana.
Na constelação dos grandes cientistas da química do século XX figura,
entre outros, Linus Pauling (1901—1994 ), o cientista da paz, ganhador do
prêmio Nobel de Química (1954) e do prêmio Nobel da Paz (1962). E aqui no
Brasil destacam-se Simão Mathias (1908 - 1991) que construiu o primeiro
laboratório de físico-química do Brasil e fundou a Sociedade Brasileira de
História da Ciência, Ricardo Ferreira (1928-2013 ) e Attico Inácio
Chassot (1939), palestrante renomado nas áreas de história da química e
educação química, ainda atuante no vigor e na lucidez de seus setenta e
cinco anos.
A química tem berço nas civilizações mais remotas, travou uma luta
insana e desigual pela sobrevivência e tem entre seus defensores intelectuais
renomados, dedicados e honestos agrupados na Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC), Sociedade Brasileira da Química (SBQ) e Associação
Brasileira de Química ( ABQ).
Uma história tão rica não pode ser
maculada pela paixão tresloucada e inconsequente de ignorantes ou analfabetos
funcionais.
Esta não é a primeira manifestação de “intelectual”
contra a química. Renato Russo (1960 – 1996) gravou um desabafo Eu odeio química. A diferença é que ele
não sugeriu a exclusão da disciplina do currículo das escolas de ensino médio
nem destratou os profissionais químicos como fez a atriz: “Não esqueceríamos o
que teríamos aprendido se houvesse uma matéria chamada Diálogo, por exemplo.
Poder de escuta, argumentação, retórica, articulação de raciocínio aprendidos
em anos de estudos semanais garantiriam com certeza melhores conversas por aí. Inclusive
entre os químicos”.
O diálogo, prezada senhora atriz, deve permear as relações professor-aluno em todas as disciplinas. Deve ocorrer permanentemente entre pais e filhos que não gostam de estudar e criam gratuita antipatia a disciplinas que lhes exigem maior dedicação e maior esforço. E foi o diálogo que cultivamos em mais de quarenta anos de magistério no ensino médio e superior, nos garantiu sucesso em nosso trabalho e nos trouxe o conforto da sensação do dever cumprido. Ao longo desse tempo formamos profissionais de todas as áreas, principalmente professores de química, muitos dos quais com títulos de mestre e doutor em áreas correlatas.
Entendemos algumas predisposições contra o ensino de química como resultantes de seu pleno desconhecimento ou do despreparado de alguns profissionais. E, nesta compreensão, nas nossas lides de professor, tudo fizemos para desmistificar ideias preconcebidas, utilizando equipamentos modernos, novas metodologias e, por nossa sugestão, introduzindo nos currículos dos cursos de química da Universidade Estadual do Ceará as disciplinas História da Química e Química do Cotidiano. Esta última, a nosso ver, deveria constar como primeira disciplina de química no ensino fundamental. Talvez a senhora ache que os químicos devam
agradecer sensibilizados as suas sugestões. Contudo, mesmo discordando de sua
opinião precipitada e inconsequente em um tema que a senhora desconhece, certamente
não têm os químicos nenhum reparo ao seu desempenho como talentosa atriz.
Narra Caio Plínio Segundo,conhecido
como Plínio, o Velho (23 d.C.—79 d.C.) que,
observando um dos quadros de Apeles (século IV a.C.) pintor grego que pontificou em Alexandria, exposto na via
pública, um sapateiro comentou um erro no desenho das sandálias do retrato.
Apeles escutou a crítica, aceitou-a com humildade e consertou o erro. No dia seguinte o mesmo sapateiro
criticou o desenho das pernas do personagem. Ao escutar a ponderação do
sapateiro Apeles respondeu: “Ne supra crepidam sutor judicaret” que, em bom português, significa “não julgue
além das sandálias”. Em outras palavras, ninguém deve criticar ou dar palpites
sobre aquilo que não conhece. Referências: http://www.infoescola.com/biografias/apeles/ página visitada em 18.08.2014
Lynch, John; Mosley, Michael -- Uma História da Ciência - Zahar - 2011
Com informações sobre datas retiradas da Wikipédia
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estamos aguardando notícias da Quarta Vara. O prazo concedido pela Juiza Kaline Lewinter está correndo.
TENHAM TODOS UM BOM DIA
2 comentários:
Anônimo
disse...
Uma grande atriz, perdeu um bom momento para ficar calada. Tarcísio Holanda, CCT- UECE
2 comentários:
Uma grande atriz, perdeu um bom momento para ficar calada.
Tarcísio Holanda, CCT- UECE
Excelente texto, professor.
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