
Gilberto Telmo Sidney Marques
DECISÃO HISTÓRICA: "Como se vê, as recentes decisões do STF e do TST, só vêm corroborar o entendimento desta julgadora de que inexiste obstáculo para retomada da execução, vez que, repito, as medidas que recomendavam a suspensão do feito foram revogadas. . "Assim, urge a adoção de providências no sentido de determinar que as reclamadas reimplantem em folha de pagamento dos substituídos o piso salarial deferido em sentença"(DO DESPACHO DA DRA. CHRISTIANNE - JUÍZA DA QUARTA VARA EM 12.03.2012)
CLIQUE NOS LINKS PARA ASSISTIR O JULGAMENTO HISTÓRICO DE 01.12.2011
ESTAMOS DISPONIBILIZANDO OS LINKS DO YOU TUBE ENVIADOS PELO PROF. MANOEL AZEVEDO. É SÓ CLICAR E VERÁ OS VÁRIOS MOMENTOS DAQUELE HISTÓRICO JULGAMENTO.
Abaixo, respectivamente, estão os endereços no youtube das partes 1 de 5, 2 de 5, 3 de 5, 4 de 5 e 5 de 5 do vídeo do julgamento histórico no STF.
http://www.youtube.com/watch?v=w4DHkYcKpoo
http://www.youtube.com/watch?v=rRE6L0fu4Ks
http://www.youtube.com/watch?v=gQzH1FNS5Sg
http://www.youtube.com/watch?v=8FqTJqKrjww
http://www.youtube.com/watch?v=z1UKoALstcI



EDIÇÃO NOTURNA DE HOJE, dia 27 de dezembro de 2007


Que frio tão atroz! Caía a neve, e a noite vinha por cima. Era dia de Natal. No meio do frio e da escuridão, uma pobre menina passou pela rua com a cabeça e os pés descobertos.
A menina caminhava, pois, com os pezinhos descalços, que estavam vermelhos e azuis de frio, levava no avental algumas dúzias de caixas de fósforos e tinha na mão uma delas como amostra. Era um péssimo dia: nenhum comprador havia aparecido, e, por conseqüência, a menina não havia ganho nem um centavo. Tinha muita fome, muito frio e um aspecto miserável. Pobre menina! Os flocos de neve caiam sobre seus longos cabelos loiros, que caiam em lindos caracóis sobre o pescoço; porém, não pensava nos seus cabelos. Via a agitação das luzes através da janela; sentia-se o cheiro dos assados por todas as partes. Era dia de Natal, e nesta festa pensava a infeliz menina.
aqueceria os dedos! Tirou um! Rich! Como iluminava e como esquentava! Tinha uma chama clara e quente, como de uma velinha, quando a rodeou com sua mão. Que luz tão bonita! A menina acreditava que estava sentada em uma chaminé de ferro, enfeitada com bolas e coberta com uma capa de latão reluzente. Luzia o fogo ali de uma forma tão linda! Esquentava tão bem! Mas tudo acaba no mundo. A menina estendeu seus pezinhos para esquentá-los também, mas a chama se apagou: não havia nada mais em sua mão além de um pedacinho de fósforo. Riscou outro, que acendeu e brilhou como o primeiro; e ali onde a luz caiu sobre a parede, fez-se tão transparente como uma gaze. A menina imaginou ver um salão, onde a mesa estava coberta por uma toalha branca resplandecente com finas porcelanas, e sobre a qual um peru assado e recheado de trufas exalava um cheiro delicioso. Oh surpresa! Oh felicidade! Logo teve a ilusão de que a ave saltava de seu prato para o chão, com o garfo e a faca cravados no peito, e rodava até chegar a seus pezinhos. Mas o segundo fósforo apagou-se, e ela não viu diante de si nada mais que a parede impenetrável e fria.
sentado ali com as caixas de fósforos, das quais uma havia sido riscada por completo.
dornos vermelhos, verdes e dourados, encaminhando os olhos e o paladar ao centro da mesa, de atravessar o longo corredor encerado com passadeira de veludo vermelho, da ridente e gorducha face de porcelana do Papai Noel, pendurada na parede, ao lado da Nossa Senhora do Perpétuo Socorro- em velha moldura de madeira com os frisos dourados, quase apagados; dos presentes que dava à mamãe, sabendo que iria usá-los logo em seguida; dos que dava ao papai, suspeitando que ele iria dar ao meu i
rmão, ao ponto de com o passar dos anos, eu por precaução vingativa, proibia na loja que houvesse a troca por um número maior, garantindo assim que o meu irmão não ficasse com o “meu presente”; da minha irmã, que combinávamos sempre o que iríamos dar uma a outra, de modo que pudéssemos trocar emprestado quando quiséssemos.
migos hoje envelhecidos como nós, com os filhos crescidos como os nossos, na época juvenis, ajuntávamo-nos, entrávamos e saíamos das casas, trocando lembranças, recordações agora comuns, dos Natais que partilhamos durante anos, sempre do mesmo jeito – era a Grande Noite esperada, aquela em que todos poderíamos dormir mais tarde, ficar acordados até depois da meia-noite, sem levar “carão”, pois podíamos entrar e sair da casa dos outros, em bandos, pedindo água, quebrando bibelôs, tocando campainhas e nos escondendo, a passos e risos largos.
A porcelana branca, completa, made in England, distribuída nos cinco lugares marcados e os talheres de prata, faqueiro antigo de muitos andares que meus olhos viam e o meu coração queria tanto que, um dia, fossem meus! Esse jogo cujas peças desde a infância eram cobiçadas, foram muitas vezes, aos poucos, subtraídas por mim mulher já feita, parida e de casa montada, em conluio com a velha empregada da mamãe, que me telefonava avisando a hora propícia para eu realizar o furto, pois a mamãe havia saído, e com certeza, iria demorar. A casa arrumada, cada quarto encerado com cera Cachopa, com seu tapete, e as camas, com suas colchas melhores, as cômodas coloniais oleadas com óleo de Peroba, os vestidos por sobre as colchas e as expectativas grudadas nos algarismos romanos do velho relógio de corda, pendurado na parede azul da sala de jantar.
As cadeiras de balanço na calçada, arrodeadas de velhos e crianças-nós, e depois, eles mais velhos ainda e nós adolescentes, já distribuídos em pares abraçados, de mãos dadas, andando daqui para acolá, impacientes com a obrigação do ritual de termos que ficar até meia-noite em casa com os pais, porque isso era besteira: o Natal era um dia como outro qualquer, nem éramos mais católicos, não acreditávamos mais em Deus, e além disso, o papai dormia cedo, eu não gostava de peru e tinha que ficar ali, sem fazer nada, perdendo tempo, enquanto podia estar namorando na Beira-Mar, estar com amigos, conversando e nos divertindo, como já tínhamos deixado tudo combinado, desde muito cedo.
guardo, e guardo no coração a família mítica, itinerante, guiada pela Estrela, a depositar seu mais precioso dom entre palhas ou feno, quando o mais sublime dos poderes é estar ali, inocente dian
te da admiração do ser visto, contemplado, notado, querido – não importam os olhos, quer sejam de bois, ovelhas, reis, ou pais e mães.








